sexta-feira, 22 de junho de 2012

Review - "O Nome do Vento"


Edição: 1
Editora: Sextante
ISBN: 9788599296493
Ano: 2009
Páginas: 656
Tradutor: Vera Ribeiro

                Quando terminei de ler “O Nome do Vento”, lembrei-me imediatamente da dedicatória do autor, que li antes de começar o livro - “Para minha mãe, que me ensinou a amar os livros e me abriu as portas de Nárnia, Pern e a Terra Média. E para meu pai, que me ensinou que se eu pretendia fazer alguma coisa devia ir com calma e fazê-la direito.” - e tudo fez sentido.
                Não pretendo comparar Patrick Rothfuss com Tolkien ou Lewis, mas é inegável que com o tempo ele se consagrará e será tão cultuado quanto esses autores, assim como tenho certeza que sua obra se firmará como um clássico da literatura fantástica. E tudo isso porque ele o fez de forma muito minuciosa e bem-feita: Trata-se de um livro extremamente bem planejado e magistralmente bem escrito. Se você é um leitor que gosta de detalhes e histórias bem contadas, “O Nome do Vento” é um prato cheio.
                Um dos pontos altos da narrativa é que ela tinha tudo para ser maçante, chata e cansativa, mas não é. Mesmo com oscilações (não tão) constantes entre o passado e o presente (e primeira e terceira pessoa, respectivamente), a narrativa se mantêm dinâmica e única. Funciona perfeitamente para aquela história e aquele universo, e não tenho tanta certeza se funcionaria com outras histórias e outros autores, muito menos para uma adaptação para o cinema ou televisão.
                Os personagens são psicologicamente bem construídos e complexos até onde podem chegar, já que a maior parte do livro é narrada em primeira pessoa. A primeira parte da “Crônica do Matador do Rei” é uma ótima introdução para a história de Kvothe, que no tempo presente da história é visto como uma lenda em seu mundo. Há outro personagem elementar para a história, chamado de Cronista, que ouve a história de Kvothe e a escreve para que o mundo possa saber as verdades de sua vida. Através dessa relação entre os dois personagens, ficamos sabendo o que Kvothe fez para se tornar a lenda que é - uma sacada genial do autor, já que a maneira pela qual Kvothe constrói sua reputação é admirável.
                O universo do livro é tão bem detalhado que precisa de notas da tradutora para explicar sobre seu sistema monetário e calendário. Nada que seja difícil de entender ou atrapalhe a leitura, mas são detalhes que deixam o livro ainda mais charmoso e bem elaborado.
Não posso deixar de falar sobre a ótima tradução e o trabalho impecável da Editora “Arqueiro”. Há tempos não via um trabalho tão bem feito, principalmente em uma obra dessa proporção. “O Nome do Vento” propõe contar uma boa história e é exatamente isso que ele faz. Com boas doses de romance, mistério e aventura, é uma experiência única que recomendo a todos que apreciam a boa leitura.